Dizem que brasileiros vivem de promessas e eu como não gosto de negar minha "raça", então, também sigo esse padrão. Na última virada de ano, entre dezembro e janeiro, fiz várias promessas e seguindo algumas dicas que vi em programas de televisão, como escrever objetivos gerais e outros mais específicos, escrevi todos em uma velha agenda. Dessa vez foi com a fé que eu precisaria para ter a determinação para pôr todos em prática, independente da dificuldade e da importância eu apostaria toda minha audácia para vê- los caminhando rumo à realização.
Para tudo isso ser um compromisso selado, eu publiquei meus intentos para 2012 em uma rede social. Li em um livro, acho que foi "O monge que vendeu sua Ferrari" - que isso é bom, porque as pessoas se comprometem junto com a gente e passam a nos cobrar e isso, por consequência impulsiona-nos a tentar pôr em prática os compromissos assumidos publicamente.
Eu realmente comecei a correr atrás de alguns objetivos, voltei a escrever, a ler alguns livros que já estavam guardados há muito tempo, me inscrevi em um curso que queria fazer há algum tempo e tudo isso embalada pelas cobranças virtuais de meus amigos que se comprometeram comigo. Mas eis que o tempo vai passando e, como dizem, "tudo caí no esquecimento"; se o "tempo apaga até feridas", imagina minhas promessas.
Cada vez que encontrava minha velha agenda com os objetivos: anotados eu a guardava em um outro lugar. Acho até que eu procurava um lugar mais difícil de encontrá-la, porque, assim, eu não teria que encarar a ideia analítica de estar ou não correndo atrás de realizar meus objetivos. Lembro-me tê-la procurado-a por duas ou três vezes, quando bate aquela tristeza repentina, aquele pensamento de que a vida anda sem sentido e eu igual, louca, ficava procurando-a pelas gavetas para dar uma lida e me re-comprometer - acho que isso é um neologismo; nunca vi ou ouvi essa palavra. Então, o sentimento é o de que reler aquilo poderia dar uma nova ênfase na vida no dia seguinte, como também fazer ver que a vida é boa e que eu tenho feito algo por ela já que alguns objetivos tinham sido realizados. Os sentimentos daí por diante são tantos que merecem um texto só para eles, então voltemos ao que interessa.
Já em meados de agosto, em um dia que estava gozando de pleno esquecimento sobre essas coisas de ficar prometendo ou mesmo sem querer achar que eu preciso ter ou não objetivos na vida, estava conversando com uma amiga pelo chat de uma dessas redes sociais, quando digo para ela que ando muito à-toa, gastando muito tempo com as bobeiras virtuais. E o que leio logo em seguida: o comentário da minha amiga "Pior é que você nem cumpriu suas promessas". Na hora eu sorri e concordei, mas sabia que isso era mais grave, porque o que li no livro sobre as pessoas se comprometem com a gente, era verdade, mas, no meu caso, parece que se comprometeram mais que eu mesma. Minha amiga conhece a dimensão do meu comprometimento e, como convive comigo, pelo seu comentário percebi isso: eu não consegui pôr muita coisa para acontecer de verdade; a determinação e a fé ficaram grudadas nas palavras em alguma folha de papel envelhecida!
Será que se eu publicar na rede social uma enquete perguntando quem se lembra dos meus objetivos verei que fui uma farsa nesse ano? Que convidei todos os amigos para a festa da realização pessoal, deixei todos esperarem e eu mesma sumi e fui levar a vida numa boa, de uma forma bem tranquila e sem responsabilidades com promessas?!!! Agora tudo poderia ser dúvida e sofrimento, se ela mesma, a minha amiga Ana Claudia, não tivesse me apresentando a solução: - Esqueça tudo e passe a programar suas promessas para 2014, porque o fim do ano está aí. Só me restou, então, sorrir e concluir que esse negócio de comprometer e publicar pode ser legal mesmo, porque daí os amigos nos cobram, mas nos apresentam soluções e nos perdoam por não concretizar os objetivos de forma mais fácil e gentil do que nós mesmos somos capazes de fazer. Só por isso já vale a pena.