sábado, 21 de dezembro de 2013

O QUE A ESCOLA ENSINA


É engraçado como a escola valoriza uns negócios sem sentido. Ano passado vi na escola que trabalho alguns alunos serem reprovados porque não aprenderam a calcular massa atômica, mas nunca descobri para que isso serve em nossa vida. Daí, fico pensando que ensinamos aos alunos um monte de conteúdos insignificantes para a vida prática, que esses conteúdos não demonstram quem é bom, mas quem tem mais facilidade de aprender o que não se precisa saber.

Dizem que o aluno nas séries iniciais e finais deve aprender o que é significativo para ele, mas desde quando o relevo da europa, os meridianos, as orações coordenadas adversativas ou a função de um número é significativo para alguém de 13 anos?!

Penso que boa parte do que se aborda em salas de aula só serve para estressar alunos e professores. Não me lembro de momento algum em minha vida em que precisei saber a raiz quadrada de um número, também não precisei saber nada de fuso horário nas viagens ao exterior, tão pouco como são formados os vírus quando o que interessava era o remédio capaz de acabar com minhas dores.

Sei que isso tudo é necessário para que a vida no planeta terra continue existindo, mas tem coisas que só deviam ser estudadas quando necessário para se especializar em alguma área do conhecimento, aí sim, seria significativo.

Estudei na faculdade de Direito por cinco anos e pouco usei dos conteúdos aprendidos nas escolas primárias. Li, escrevi e interpretei enquanto percebia que muitos dos colegas universitários tinham dificuldade exatamente nessas habilidades. Ri muitas vezes dos que se perdiam nos X, V e L dos números romanos, se não me falha a memória acho que foi a única coisa da temível matemática que precisei no curso superior.

Com relação à história e geografia nada de clima, relevo, guerras ou coisas parecidas, porque sob a visão jurídica todas as histórias são recontadas, tudo com um novo início e novo fim, até mesmo o conto de fadas da Cinderela.

Nas dificuldades do curso por diversas vezes pensei em dar carteirada nos professores, esfregar na cara deles meus boletins cheio de menções honrosas com notas 10, mas como isso me punha em risco por desacatar autoridades do saber capazes de aí fazerem valer cobrar o saber, processando-me em esferas cíveis que seriam capazes de me tirar belos meses de salário e isso seria aprender o conteúdo da escola na prática.

A verdade é que a história do que é significativo pode levar uma pessoa a ter que cursar a mesma matéria por diversas vezes, pois se o professor explica algo e isso te remete a outro caminho muito além do que o professor aborda ou mesmo te abre outros assuntos que você resolve já ir devaneando para sua tese final de curso, você pode perder o ponto que o professor julga importante para a prova e aí desfrutar a companhia dele por mais um semestre repetindo os mesmos assuntos e agora pelo menos fica fácil saber quais ideias ele pondera para dar uma nota ao aprendizado que ele julga importante para mim.

A verdade é que a faculdade me cobrou muito mais do que a escola tinha me ensinando; Me perdi no trânsito da cidade procurando os TRT, TSE, TJ e tantos outros órgãos públicos o que me remeteu ao conteúdo da 3ª série que estuda sobre o DF, mas ninguém nunca me ensinou sobre como me locomover no lugar onde moro; Escrevi em um único semestre mais textos do que a somatória de uns 10 anos de escola primária, boa parte se deu porque descobri que não sabia escrever ideias, ao menos sabia pensar, apenas tinham me ensinado a decorar papeis com palavras ensaiadas.

Mas, a escola é isso né?! 100% importante quando você vai usar aproximadamente 15% do que te ensinaram, mas dará base para criarmos novos paralelos, coordenar objetivos, traçar retas, descobrir novos pontos, vencer os altos e baixos dos terrenos acidentados do mundo.

Ainda bem que além da escola inventaram os estágios e a vida prática profissional, porque aí podemos usar os 15% que aprendemos na escola para aprender os 85% que ficou em dívida e que corresponde ao que realmente é significativo.

Quando assinei a ata de aprovação na Ordem nos advogados, a famosa OAB, entrei em pânico... será que alguém podia me ensinar como advogar, porque isso não aprendi, acho que ficou nos 85% que a escola chama de significativo, mas esquece de ensinar.

Com frio na barriga, dei partida no carro e saí pensando no que deveria fazer agora, se me matricular em outro escola ou ser auto-ditada no conhecimento prático exigido pela vida! Pelo menos a escola me deu uma boa base para aprender o resto que é necessário e significativo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

RELAXOS CORPORAIS




Muitas pessoas se preocupam muito com as roupas íntimas. Eu confesso que adoro uma calcinha folgada, vulgo relaxada. Gosto da ideia de me sentir livre, sem que tenha algo prendendo minhas nádegas.
Tenho uma amiga que sempre diz que andar de calcinha relaxada é um risco.  Ela sempre argumenta que a qualquer hora pode acontecer um acidente conosco e daí se tivermos com uma calcinha velha os médicos falarão de nós. Ri muito a primeira vez que ouvi, pois nunca tinha pensando nisso. Sempre achei que aquela coisa nem era considerada quando a preocupação é salvar vida, mas confesso que fazia sentido. O socorrista poderia ser um médico ligado aos detalhes e por isso poderia ficar tão chocado com o estado das roupas íntimas que esqueceria de prestar socorro.
Fiquei imbuída naquele pensamento e não tive como deixar de contar para ela qual era a minha preocupação com relação ao assunto, que, a meu ver parecia, mais grave. Por diversas vezes, pensei na condição das pessoas que sofrem um acidente, com especial as mulheres, e que não estão com a depilação em dia. Imagina que se depois que o médico cortasse aquela lingerie linda, vermelha e novinha e se deparasse com um enorme tufo de pelos pubianos?! Aí sim, não tenho que dúvidas isso chamaria a atenção dos médicos. Acredito até que ele chame os colegas para dar uma olhada; Pior que isso é o médico chamar a enfermeira e dizer para ela cortar a cabeleira black power entre as pernas porque se não fica impossível executar qualquer procedimento médico. Esse é o momento que se você não está desacordada, tem uma parada cardíaca, ou melhor, pelo menos umas três, uma seguida da outra.
Agora foi a vez de a minha amiga ficar mais intrigada do que eu. Aproveitando que o jogo passou a ficar a meu favor, resolvi partir para o ataque e mostrar a ela outras situações em que usar uma calcinha um pouco folgadinha é um luxo que todos deveriam adotar para salvar o planeta.
Os odores causam uma preocupação muito maior do que essa coisa de pessoas maltrapilhas. Imagina o mesmo acidente com aquela famosa lingerie?! E quando os enfermeiros vão socorrer a pessoa, e tira toda a roupa dela, vai subindo aquele mal cheiro a ponto dele apertar o botão vermelho da emergência desesperado e pedir três balões de oxigênio por telefone. Provavelmente, a pessoa do outro lado da linha ficará desesperada e quase gritando perguntando o porquê dos três tubos, se na sala de cirurgia só tem um paciente. E então, o médico, com aquela voz estranha de quem fala sem querer respirar, responde que não é para a paciente, mas para a equipe médica que está ficando sufocando e que se demorarem quando chegarem lá, terão quatro pessoas a serem socorridas ao invés de uma. Se o médico sobreviver a essa tortura odorífera, imagina a cara dele no dia seguinte quando for ver a paciente no quarto de recuperação! Rolo no chão de rir só de imaginar e fico pensando o médico contando aos colegas que irá visitar a cheirosa.  
Minha amiga, que despreza as calcinhas com furinhos na costura lateral, foi fazendo uma cara horrível no decorrer da situação que eu expunha para ela. Percebi que ela já estava quase entregando o jogo e que com mais uma situação ela arriara e eu ganharia o jogo com um belo placar.
Então, olha essa possibilidade: um bombeiro socorrer uma tenista de fim de semana com a meia furada, com certeza pode fazê-lo tirar umas boas gargalhadas da garota atleta; Mas, tirar o tênis de uma princesa tenista que torceu o pé depois de uma hora jogando e que tem muito chulé, pode transformar o trabalho simples em algo árduo e fedorento. Isso é mais que pagar um mico!
Esse foi o gol de placa. Minha amiga agora estava em desespero. Só não sei dizer se era porque reconhecia que meus argumentos eram bons ou se ela estava preocupada com seus odores ou depilação; Melhor nem tentar adivinhar que é para não colocar a amizade em risco, mas ousei perguntar para ela se dos relaxos da vida, o da calcinha não podia ser o menos agressivo ao mundo?!
Luciane Dias
Set/2013


terça-feira, 9 de julho de 2013

VASO SANITÁRIO CAUSA BULLYNG

asnovidades.com.br


Muitos usam o banheiro como um espaço de diversão, leem, fazem cruzadinhas, jogam no celular ou algo parecido. Também deve ter algum doido que escreva, eu particularmente dispenso a deixa. Acho que lá é o espaço que a gente chega faz o que se tem para fazer e sai correndo, principalmente, dependendo do que vai fazer, se for "tipo 1" é rápido mesmo, então não dá para ficar enrolando sentado no vaso sanitário, agora se for "tipo 2", bom, aí para alguns pode ser um tempo vasto para por em dias os passatempos atrasados.

Eu vi em uma reportagem que os vírus saltam metros de altura do vaso sanitário na hora da descarga, daí você logo pensa:  aquela pessoa sai do banheiro com o celular que estava jogando enquanto fazia o "tipo 2" e te empresta para você fazer uma ligação, a situação não parece muito divertida, então abro mão dessas aventuras sanitárias. Para os que estão se perguntando o que é "tipo 1" é a forma tímida de dizer fazer xixi, urinar, tirar água do joelho e daí já dá para imaginar que o que é o "tipo 2" - é a parte sólida expelida pelo corpo, apelidado de cocô, cagada, bosta, essas coisas que todos tem vergonha de dizer que fazem, mas todos se entregam em um prazer quase orgásmico quando defecam.

Em um devaneio rápido, enquanto eu expelia a parte sólida que o corpo libera após a alimentação, me dei conta que o vaso sanitário é um objeto praticamente de tamanho único e que isso pode pôr algumas pessoas em uma situação vexatória.
Na era do bulling e do respeito às diferenças, a sociedade tem mudado regras e padrões para acomodar melhor as pessoas nas coisas da vida diária, sem que suas diferenças sejam destacadas a ponto de expô-las.

Fico pensando em uma pessoa com 1,92m de altura, deve ser bem engraçado ela sentada na privada. Esse nome não é chique e nem elegante, ao contrário, nos remete ao defecar e daí já fazemos aquela cara de nojo, mas estranha é a cena, deve sobrar pernas para todos os lados do banheiro e se o banheiro for pequeno, daqueles que de tão pequeno o chuveiro fica quase acima do sanitário, a pessoa vai ficar com as pernas tão dobradas que parecerá um movimento grupado da ginástica artística. Já os que estão em sobrepeso podem apresentar dificuldades com o tamanho da área do assento e algum colega piadista poderia dizer que houve mudança no ditado popular de "mijar fora do penico", para "cagar fora do vaso". Agora serão os leitores mais tímidos a olharem com nojo para meu texto que fala em "cagar". Tem também os bem baixinhos, esses teriam enorme dificuldade para sentar no vaso sanitário, é o que acontece com as crianças.

Você então deve estar pensando que um vaso sobre medida traria os mesmos problemas, porque ninguém mais usaria o vaso destinado a uma pessoa de 1,92m de altura além dele próprio, por isso o ideal é um vaso regulável. A pessoa poderia regular a altura e o diâmetro do assento. Pronto estaria resolvido o problema, ninguém mais seria posto em situação com as calças na mão, porque a privada não se adéqua as suas características físicas. Isso para os advogados seria como atender ao artigo 5º da Constituição Federal, em que estaria tratando "os iguais nas suas igualdades e seus desiguais na suas desigualdades na medida das desigualdades".

A preocupação passaria ser a tecnologia empregada na construção desses vasos reguláveis. O Japão desenvolveria algo em que uma câmera na porta do banheiro leria as informações da pessoa e já regularia tudo automaticamente; em compensação no Brasil seria uma tecnologia com engenhocas a base de manivelas, o que colocaria a saúde em risco, mais uma coisa para distribuir bactérias pelos celulares, gibis, revistas pornôs, cruzadinhas; Já os Estados Unidos pegariam a ideia do Japão colocariam uns dois botões dariam um nome chique, faria uma boa propaganda em um lindo WC (water closet - que em uma tradução literal seria algo como armário da água) e todo o resto do mundo acataria a ideia e mesmo que não conseguisse produzir o vaso sanitário sonhado adotaria o nome toilet sanitary adjustable.

Se fosse eu a dona da indústria de vasos ainda daria uma incrementada nos modelos. Nunca entendi porque os vasos sanitários têm os mesmos padrões redondos ou algo meio retangular, porque nunca fez um em forma de carro, de bike, bola de futebol, poltrona do papai com massagem, sofazinho confortável. Eu gosto de fotografar, mas achei que seria estranho você ter uma lente apontado para as nádegas. Enfim, algo criativo em que cada um escolheria seu toilet sanitary adjustable e você que modelo escolheria?

Espero que essa mudança não demore, afinal, já estão mudando as poltronas dos cinemas, ônibus, aviões, vagas de concursos, então espero que em pouco tempo esqueçam os preconceitos tidos com os banheiros e pensem nos sanitários, porque nada pode ser mais fétido do que os tratamentos desiguais impostos por nossa sociedade.

 
Luciane Dias
06/07/2013
 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

MEU AMIGO CARRO


Ter carro é um negócio legal e praticamente todo mundo tem. As facilidades da economia brasileira permitem a todos comprarem o tão sonhado automóvel, nem que seja em 60 vezes. Como diz uma colega de trabalho, é uma verdadeira bíblia de prestações que vai do antigo ao novo testamento e o brasileiro não se incomoda com isso; se for para ter um carro que possa levá-lo onde desejar ir, vale o tamanho e o tempo da dívida.

A realidade é que o brasileiro está tendo a oportunidade de juntar dois desejos: ter carro e ter vida de conforto. Assim, cada vez mais compram carros da classe luxo, que oferecem aquele tanto de opcionais que às vezes o dono nem sabe para que servem, mas ele quer ter um desses da moda. É tipo assim: ter um carro desses que qualquer um há 5 anos respirava só de vê-lo por perto, de tão lindo - digo há 5 anos porque atualmente muita gente tem os carrões caros e muitos até de marcas importadas.

Só que tem gente que exagera nisso tudo, porque, na verdade, o que a pessoa tem é um carro e não uma Ferrari, ou seja, um carro que ninguém mais pode ter. Mas, há pessoas que tratam o carrão importado como se ele fosse um troféu que ninguém mais pode ter igual.

A Patrícia tem um Civic que eu não sei que ano é, mas ele já deve ter uns 3 anos e ela fala desse carro de uma forma diferente. Toda vez que ela precisa fazer uma referência ao automóvel é assim: "porque meu Civic é o carro mais legal"; "porque ontem eu fui ao aeroporto e eu estava de Civic". Eu sempre achei isso engraçado, porque todos que vão se referir aos seus automóveis sempre os chamam simplesmente de carro, ninguém fica falando se é um gol, um fusca, uma carroça, um corsa. Então fiquei pensando que, qualquer dia, quando ela me contar alguma coisa do carro dela como se ela estivesse contando sobre um filho ou como se o carro dela fosse uma Ferrari que eu sonhasse ter, eu daria um jeito de falar do meu carro para ela: "Pois é, menina, e eu ontem fui a padaria no meu corsa hatch 1.4, com 95 cavalos, roda aro 14, ano 2008" e veria a reação dela...

Mas, um dia desses estava na escola indo para minha sala de aula quando a Patrícia me parou no meio do corredor chorando: "Luciane bati meu Civic, eu o bati num carro grande de um homem que vinha de Padre Bernardo". Gente, nessa hora eu não sabia o que fazer, não sabia se perguntava se ela estava bem ou se o carro machucou! Quer dizer: ele nem é gente né?! Mas, daí ela enxugou as lágrimas e continuou: "Não aconteceu nada com o carro do cara, porque ele era altão, mas o meu acabou e eu, graças a Deus, não tive nada". Opa, agora sim, eu começo a entender a história, porque se ela não teve nada, então estava chorando porque o carro tinha acabado e isso estava machucando muito ela. Eu entendia isso porque sempre a via falar do carro como se fala de alguém da família, alguém mais próximo do que os primos de terceiro grau que toda mãe jura que temos e que o código civil não reconhece. Daí, perguntei para ela se o carro tinha seguro porque, se tivesse não tinha com o quê se preocupar, afinal o seguro cobriria todos os gastos e deixaria o famoso Civic inteirinho de novo. Ela, enxugando as lágrimas, me disse: "Sim, o carro tem seguro e meu marido já ligou para acionar; também, o carro só estragou no para-choque eu até saí dirigindo. Enquanto o carro fica na oficina para arrumar eu vou ficar vindo trabalhar no carro velho que tem lá em casa e eu só estou chorando por causa do susto da batida. Ela aconteceu bem na hora que fui passar no quebra-mola, eu freei pouco e acabei batendo no carro que estava a minha frente". Essa era a triste história que cercava a vida do Civic, mas eu não podia ficar ali ouvindo mais, então me despedi e fui para minha sala de aula confusa com a situação toda, são sabia se o problema maior era a batida no carro ou a colega ter que ficar alguns dias sem poder ter a posse do Civic!


Luciane Dias dez/2012