É
engraçado como a escola valoriza uns negócios sem sentido. Ano passado vi na
escola que trabalho alguns alunos serem reprovados porque não aprenderam a
calcular massa atômica, mas nunca descobri para que isso serve em nossa vida.
Daí, fico pensando que ensinamos aos alunos um monte de conteúdos
insignificantes para a vida prática, que esses conteúdos não demonstram quem é
bom, mas quem tem mais facilidade de aprender o que não se precisa saber.
Dizem
que o aluno nas séries iniciais e finais deve aprender o que é significativo
para ele, mas desde quando o relevo da europa, os meridianos, as orações
coordenadas adversativas ou a função de um número é significativo para alguém
de 13 anos?!
Penso
que boa parte do que se aborda em salas de aula só serve para estressar alunos
e professores. Não me lembro de momento algum em minha vida em que precisei
saber a raiz quadrada de um número, também não precisei saber nada de fuso
horário nas viagens ao exterior, tão pouco como são formados os vírus quando o
que interessava era o remédio capaz de acabar com minhas dores.
Sei
que isso tudo é necessário para que a vida no planeta terra continue existindo,
mas tem coisas que só deviam ser estudadas quando necessário para se
especializar em alguma área do conhecimento, aí sim, seria significativo.
Estudei
na faculdade de Direito por cinco anos e pouco usei dos conteúdos aprendidos
nas escolas primárias. Li, escrevi e interpretei enquanto percebia que muitos
dos colegas universitários tinham dificuldade exatamente nessas habilidades. Ri
muitas vezes dos que se perdiam nos X, V e L dos números romanos, se não me
falha a memória acho que foi a única coisa da temível matemática que precisei
no curso superior.
Com
relação à história e geografia nada de clima, relevo, guerras ou coisas
parecidas, porque sob a visão jurídica todas as histórias são recontadas, tudo
com um novo início e novo fim, até mesmo o conto de fadas da Cinderela.
Nas
dificuldades do curso por diversas vezes pensei em dar carteirada nos
professores, esfregar na cara deles meus boletins cheio de menções honrosas com
notas 10, mas como isso me punha em risco por desacatar autoridades do saber
capazes de aí fazerem valer cobrar o saber, processando-me em esferas cíveis
que seriam capazes de me tirar belos meses de salário e isso seria aprender o
conteúdo da escola na prática.
A
verdade é que a história do que é significativo pode levar uma pessoa a ter que
cursar a mesma matéria por diversas vezes, pois se o professor explica algo e
isso te remete a outro caminho muito além do que o professor aborda ou mesmo te
abre outros assuntos que você resolve já ir devaneando para sua tese final de
curso, você pode perder o ponto que o professor julga importante para a prova e
aí desfrutar a companhia dele por mais um semestre repetindo os mesmos assuntos
e agora pelo menos fica fácil saber quais ideias ele pondera para dar uma nota
ao aprendizado que ele julga importante para mim.
A
verdade é que a faculdade me cobrou muito mais do que a escola tinha me
ensinando; Me perdi no trânsito da cidade procurando os TRT, TSE, TJ e tantos
outros órgãos públicos o que me remeteu ao conteúdo da 3ª série que estuda
sobre o DF, mas ninguém nunca me ensinou sobre como me locomover no lugar onde
moro; Escrevi em um único semestre mais textos do que a somatória de uns 10
anos de escola primária, boa parte se deu porque descobri que não sabia
escrever ideias, ao menos sabia pensar, apenas tinham me ensinado a decorar
papeis com palavras ensaiadas.
Mas,
a escola é isso né?! 100% importante quando você vai usar aproximadamente 15%
do que te ensinaram, mas dará base para criarmos novos paralelos, coordenar
objetivos, traçar retas, descobrir novos pontos, vencer os altos e baixos dos
terrenos acidentados do mundo.
Ainda
bem que além da escola inventaram os estágios e a vida prática profissional,
porque aí podemos usar os 15% que aprendemos na escola para aprender os 85% que
ficou em dívida e que corresponde ao que realmente é significativo.
Quando
assinei a ata de aprovação na Ordem nos advogados, a famosa OAB, entrei em
pânico... será que alguém podia me ensinar como advogar, porque isso não
aprendi, acho que ficou nos 85% que a escola chama de significativo, mas
esquece de ensinar.
Com
frio na barriga, dei partida no carro e saí pensando no que deveria fazer
agora, se me matricular em outro escola ou ser auto-ditada no conhecimento
prático exigido pela vida! Pelo menos a escola me deu uma boa base para
aprender o resto que é necessário e significativo.