terça-feira, 16 de dezembro de 2014

EM QUANTO TEMPO VENCE SEU ANTITRANSPIRANTE?

Vi a propaganda de um antitranspirante que protege as axilas por 72 horas. Fiquei tão estarrecida que me senti como o ET quando assistiu à  televisão pela primeira vez. Como pode um produto proteger alguém contra odores por tanto tempo? Será que ele realmente tem essa eficiência toda? A propaganda não ressaltava nenhuma outra característica do produto, apenas frisava às 72 horas de proteção.

Um produto desses deveria ter a venda proibida e a marca multada com um valor exorbitante por incentivar maus hábitos e o Estado devia mandar fazer uma campanha de consciência; Ministério da Saúde adverte: Produtos com mais de 24 horas de proteção fazem mal aos relacionamentos e as demais convivências sociais.

Apesar de pairar a dúvida se o produto realmente é eficaz,  a questão maior está em quem compra o produto. Se eu namorasse um cara por mais cheiroso que ele fosse e eu encontrasse um produto com proteção por quatro  dias em suas coisas, não conseguiria segurar o receio e faria um interrogatório para ele quanto aos bons hábitos. Que tipo de intenção tem uma pessoa que compra uma coisa que o livra da limpeza diária?

A pessoa deve ir ao mercado e ficar procurando todas as coisas com o máximo de proteção para assim se livrar do banho. Shampoo com proteção contra sujeira e fortalecimento de fios cheirosos, talco contra chulé com proteção de 48 horas, pasta de dente com proteção total por 12 horas, sabonete antibacteriano (tem que ser desse para tirar a sujeira acumulada). Se for um gênio a pessoa deve ter a ideia de criar uma roupa autolimpante para combinar com o contexto.

Pessoas assim devem ser tratadas por psiquiatra e psicólogo porque o laudo médico deve constar que tem pânico de banho. Essa pessoa é um risco para a sociedade, pode sair matando as pessoas e facilmente ser enquadrada ainda nas qualificadoras;
III -... asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;

O antitranspirante pode proteger, mas, se ele não toma banho as outras partes do corpo ficam mal cheirosas e o indivíduo acaba expondo quem convive com ele a mau cheiro, causando tortura e asfixia. Tem situações que colocam o próximo sobre crueldade; dormir com uma pessoa que acumula odores ao invés de cheiros; estar ao lado dele no ônibus lotado onde não tem para onde se mexer.  É pânico ficar conversando com alguém que está a setenta horas sem escovar os dentes. É uma verdadeira traição a pessoa usar desses meios ardilosos para conviver com os outros.

E não duvide, tem pessoas que ficam esse tempo todo testando a eficiência do produto, basta você procurar na internet e vai ver um monte de pessoas reclamando que o antitranspirante não protege durante o tempo prometido. Fábricas dizendo que o produto tem que ser reaplicado por diversas vezes durante o período prometido de eficiência.

É só fazer as contas, suor, perfume, sais minerais e água corporal sendo somados a todo tempo por quatro dias, o resultado químico disso na certa é cheiro de gambá. Impossível essa química produzir um homem lindo e cheiroso como aquele que a propaganda do antitranspirante apresenta no comercial. Aquilo é conto de fadas!

Pelo menos se a empresa fosse multada ou a ANVISA tirasse o produto do mercado, talvez a empresa mudasse o foco, ao invés de antitranspirante resolvesse vender ou alugar o homem gato do comercial por 72 horas. Tenho certeza que assim a empresa lucraria mais, gastaria menos com comercial e não correria o risco de tantas reclamações por ineficiência, livrando assim a sociedade da proliferação dos maus hábitos pela indústria de cosméticos.



sexta-feira, 28 de novembro de 2014

APELIDO AMOROSO


Os apelidos amorosos devem ser tão antigos quanto Eva e Adão. Adão deve ter usado esse artificio para convencer Eva a comer a maça. Deve ter chamado-a de maçãzinha do coração ou algo como maçãzinha adocicada. Acho até que foi isso que levou a serpente a incitá-los a comer a maça e assim, caírem no pecado e ter umas briguinhas entre eles para pelo menos nesses momentos se chamassem pelo próprio nome, isso porque tem apelido que é quase como um infarto fulminante.

Outro dia enquanto estava na fila ouvi o papo de um casal e foi a coisa mais broxante que já chegou aos meus ouvidos, nem sutiã com calcinha cor da pele no dia de ir a motel ganhava. O casal se tratava por paizinho e mãezinha. Meu São Sinfrôneo, o que era aquilo?! Fiquei imaginando eles na intimidade do lar nas diversas situações, do amor à guerra.

Imagine o homem falando para a mulher – Mãezinha senta aqui no meu colinho que hoje paizinho quer fazer você revirar o “zói”. Ou depois de uma briga onde não estão se falando a mãe fica o tempo todo gritando os filhos para dar o recado para o marido, - Filho avisa para “paizinho” que a comida está pronta e que hoje ele vai dormir no sofá de novo. É muito brega isso, e coitado de quem tem que ouvir esse apelido o dia todo.

Será que a pessoa não pode criar algo menos original, talvez duplicando a sílabas do nome! Olha como fica mais bonitinho os famosos Lulu, Fafá, Titi, Lalá, Queque. Claro que isso também tem seu risco e assim, o Antônio pode virar nome de cachorro, “Totó” e Conrado ou Marcos pode virar “Cocô”. Mas, com um pouco de cuidado pode dar certo. Tem também os diminuitivos que demonstram muito carinho: Fatinha, Selminha, Pedrinho. Minha amiga Clézia chama o marido de “Nego” olha que coisa mais meiga.

Não tem nada de anormal em ter apelidos carinhosos, mas tem uns que são mais que bullyng, chega a ser quase uma agressão auricular social. Ser obrigado a conviver com alguém chamando o outro o tempo todo de “Fia” é quase a morte. E ainda tem o agravante da entonação da palavra, algo como “Fiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiia”. Um ser humano que chama o outro assim, não tem amor pelo parceiro, porque quem ama cuida e isso não é cuidar, é agredir a quem ama e a todos que estão próximos. “Fia, não é um apelido carinhoso nem aqui e nem na China.”

Outro apelido que pode ser enquadrado nos homicidas auriculares são os de bichos. Uma pessoa que chama o outro de gatinho não tem muita credibilidade, tudo bem que gatinho é carinhoso e bonitinho, mas quero ver você chamar alguém assim quando se está com raiva.  Um casal de colegas o marido chama a dócil amada de “Dona Onça”. Muito respeitoso o emprego do “dona”, pelo menos esse pode ser falado com carinho e na hora da raiva faz jus ao que é, não tem pieguice, não tem diferentes entonações que parecem cantiga, é simples, “Dona onça” para todos os momentos;

Tem aqueles apelidos que além de não serem muito bonitos transmitem ou a insegurança do casal com todo o sentimento de posse ou a ânsia de mostrar para a sociedade o status de casados. “Meu bem” se enquadra em uma dessas situações.

A pessoa chama o marido usando esse apelido como se fosse amoroso, mas olha a posse transmitida pelo pronome “meu”. Eu já peguei e agora é meu,  todinho meu esse homem que o padre falou que está unido a mim para sempre. Ouvindo uma conversa a distância deve parecer uma briga de casal prestes a separar os bens adquiridos no casório: meu bem... meu bem...meu bem, cada um escolhendo o que quer ficar após a separação. O apelido parece mais trágico que a separação.

Chamar de “Bem” já é um tanto quanto mal, imagina de “meu bem”. Tenho trauma, porque minha tia,  Dapaz casada com meu tio João só o chamava assim e ficava andando pela casa e gritando “Bem”, oh “Bemmmmmmmmmmm” e enquanto meu tio não respondia ela não parava de gritar, aquilo fazia meu batimento cardíaco gritar junto e meu coração faltava sair pela boca e pular na dela para ela parar de gritar isso nos ouvidos dos outros. Porque ela não o chamava de Joãozinho e ele a chamava de Dadá, muito mais romântico do que esse negócio de “Bem” que deve ter sido criado por alguém que queria provar que o parceiro fazia muito bem na vida da pessoa e para convencer a todos passou a chamá-lo assim.

Na classe dos apelidos possessivos tem ainda “Minha Vida”. Vida cada um tem a sua. A pessoa fala com tanta posse que parece que ela tem duas vidas dentro de si, que mora uma outra pessoa dentro dela e elas batem papo e se relacionam o tempo todo, tanto que quando uma abre a boca a outra sente o sono. Quem ouve o tempo inteiro a expressão “minha vida” chega uma hora que esquece que existe que se refere ao marido, ele deixa de existir e a mulher começa a parecer uma viúva de vida dupla com marido morto.

Ana Cláudia chama Conrado de marido, deve ser para ele jamais esquecer que já saiu da vida de solteiro e para as amigas saberem que ela é casada e problema das que ainda não casaram, uma psicóloga deve diagnosticar como caso sério de autoafirmação matrimonial. Deve ser daquelas que o único dado preenchido nas redes sociais preenchido é o status casada.

Madame parece legal, meu amigo Anderson chama a mulher dele assim. Não sei como ela se sente, mas eu, só se de vê-lo chamá-la assim, lembrei da propaganda do mordomo que levava o papel higiênico na bandeja para servir a patroa. Esse apelido pode não ser bonito, mas pelo menos da uma sensação de grandeza, deve ser primo primeiro dos possessivos, parece que você é a patroa e que ele está ali para te servir.  

As mulheres parecem ter mais necessidades desses apelidos metidos a românticos, mas que no fundo no fundo são grandes causadores de agressão auricular. Devia ter uma lei em defesa dos conviventes, proibindo a utilização de alguns apelidos e assim, nem que seja de forma indireta deve diminuir os infartos masculinos. Os coitados ouvem tanto alguns apelidos bregas e broxantes que isso aumenta a pressão e contribui para o número de infartantes ser bem mais alto entre homens do que entre as mulheres.


A lei devia decretar que em respeito ao amor auricular, os amantes ficam proibidos de usar apelidos amorosos que não sejam aqueles oriundos da palavra amor: amorzinho, amorzão, amoreco, mô, e qualquer outro que venha desse substantivo e dento das entonações possíveis, afinal somos um país democrático. Sendo punidos com o fim do amor, aqueles que descumprirem a lei supra. 

sábado, 10 de maio de 2014

CANADÁ FICA NA EUROPA?

Eu sou uma dessas pessoas que não consegue reter uma grande quantidade de informações, ma, até que tenho um alto grau de processamento de informação, me viro bem na vida apresentando soluções para as questões práticas do dia-a-dia. E para essa análise não estou conceituando o quociente de inteligência, mas a esperteza que a vida nos exige a cada momento. O problema de ser assim é que de vez em quando passo umas vergonhas horrendas em público e as pessoas acabam me julgando como uma pessoa menos favorecida de inteligência, para não chamar de burra.
Sem pretensões, não me acho uma pessoa burra, mas sou quase uma jumenta em Geografia. Nunca gostei dos estudos dessa área. Acho que se apegam a umas coisas que me levam a usar meus neurônios em prol do nada. Olha só, para que saber calcular fuso horário? Basta você chegar no outro país e perguntar quantas horas são, pronto o problema está resolvido. Não é que esses conhecimentos não sejam importantes, mas é que só deveriam ser aprendidos por quem usa no seu dia a dia.
Essa coisa de separar o planeta em continente para mim é um pensamento ultrapassado e acho que passa até uma certa ideia de bulling. A Europa é linda, rica e poderosa, enquanto a África é pobre e feia, já os orientais são aqueles dos olhos puxadinhos e ninguém sabe dizer se é chinês ou japonês, porque são todos iguais. Ficam rotulando os pedaços de terra sem levar em consideração as particularidades das pessoas que ali moram.
 Isso já era, têm países da Europa que estão quebrados e países da África que estão crescendo, então se faz desnecessário esse tipo de classificação que só serve para envergonhar pessoas como eu que não sacam nada dessas coisas de que país pertence a que pedaço de terra.
Outro dia, estava na agência de turismo olhando uma viagem para Nova Iorque, daí minha amiga que me acompanhava viu um panfleto sobre uma viagem para o Canadá e eu logo desabei a reclamar que não iria para a Europa, que o lugar podia ser lindo, mas não iria mudar o itinerário deixando de visitar países da América para ir para outro continente.
Minha amiga deu um sorriso de canto de boca que para mim foi o suficiente para entender que tinha falado bobeira. A atendente que fazia o orçamento da minha viagem para Nova Iorque me olhou com cara estranha e logo me entregou um papel com valores altíssimos, acho que ela colocou tudo caro só para não obrigar os Estados Unidos a abrigar por 1 semana uma analfabeta geográfica. É claro que quando saí da agência minha amiga desabou a rir da minha cara e ficou me chantageando que eu deveria pagar o lanche dela ou contaria para todos que eu afirmei que o famoso Canadá fica na Europa.
Como se não bastasse essa humilhação a outra situação foi pior ainda. Estávamos em uma mesa de bar quando a conversa passou a ser a viagem de um grupo de professores para a Europa, daí uma pessoa perguntou se a viagem foi para a Inglaterra, eu sabendo da minha condição de conhecimento dos países devia ter ficado calada, mas, não para dizer que sabia tudo da viagem das colegas, gritei alto e em bom som que a viagem foi para Londres. Pronto, foi o motivo da gargalhada da noite, teve até drinque em minha comemoração. Não sabia se eu matava a todos da mesa ou me matava, optei por rir junto com a galera enquanto minha cabeça me convencia que ou eu dou um jeito de aprender geografia ou fico calada nas conversas do tipo.
Tento abrir defesa própria toda vez que passo vergonha. Não sei onde fica, mas me viro muito bem em viagens e acho que isso é o que importa. Viajei, 16 dias para os Estados Unidos. Organizei a viagem, aluguei carro e dirigi 1200 Km entre Orlando e Miami, e isso ninguém me parabeniza  por saber me virar nas situações práticas. Penso que isso seja importante e deixo o cérebro vazio para que o processador mental trabalhe rápido, mas isso não convence a sociedade que continua exigindo que eu saiba em que pedaço de terra fica determinado país.
Acho que nunca vou conseguir aprender essas coisas, ainda mais que o Google me dá tudo pronto para eu organizar as viagens, daí me sobra apenas passar vergonha. E não pense você que eu não entendo porque é sobre países estrangeiros, porque também me perco com as orientações do Brasil.
Vi umas fotos de um lugar bonito e com um nome diferente, então pensei logo que fosse um lugar dos Estados Unidos, mandei o link para uma amiga com quem eu conversava pelas redes sociais sugerindo que fossemos visitar, e, para minha surpresa, quando pesquiso sobre o lugar, descubro que fica em São Paulo. Também viu! Esse povo metido, para que colocar o nome da cidade americanizado, deve ter sido colocado por algum sonhador que nem sabe onde ficam os Estados Unidos!
Estou pensando em redigir um contrato minucioso para que meus amigos assinem. Quem me expor ao ridículo me fazendo perguntas sobre algum tipo de localização ou outras dúvidas geográficas será multado, assim posso viajar mais e aprender a me virar bem em vários tipos de pedaços de terra independente de onde eles estejam.
Se não quiserem assinar vou repensar sobre a amizade e começar a chamá-las de ex. amigas, porque não quero pagar com a mesma moeda e expô-las que entendo das distâncias, sei calcular quanto se gasta de gasolina, procurar os hotéis bem localizados, bons restaurantes, consigo fechar boas viagens com preços baixos, tanto que elas sempre vêm a mim pedindo ajuda, até me chamam de CVL (Comissão de Viagens Luciane).
Pensando agora acho que a melhor pedida será cobrar pelos serviços que sou boa. Daí não perco os amigos que amo, ganho uma grana extra e na mesa de bar, quando tiver desanimado, faço algum comentário geográfico e daí a noite divertida está garantida. 

Luciane Dias
04/2014

sábado, 26 de abril de 2014

HOMEM DE ABSORVENTE

Para vocês entenderem melhor a situação que presenciei outro dia no mercado, vou pedir que imaginem a cena de uma mulher indo a uma loja de pneu de automóveis  para comprar os pneus do carro do seu marido que foram roubados e por isso, não tem como ver as referências para saber que tipo de pneu comprar.
Quem está lendo agora deve imaginar, comprar pneu é muito fácil, basta chegar na loja e pedir os pneus. Mas, não é bem assim, quem já foi comprar sabe que não basta que eles sejam redondos, tem que saber o tamanho, a largura, modelo, se é com câmara ou sem, a carga máxima que o pneu suporta e até data de validade deve se olhar na hora da compra.
A cena seria algo como a senhora encostada no balcão e enquanto espera o atendente, fica olhando todos aqueles pneus e se sentindo surpresa porque até então ela achava que eram todos iguais e começa a se preocupar porque ela não sabe qual deveria comprar.
Quando o atendente pergunta para ela que pneu deseja comprar ela responde alto e em bom som: - Senhor, desejo apenas comprar 5 pneus do tipo redondo para por no meu carro! O atendente com aquele meio sorriso no canto da boca, informa que não é bem assim, que ela precisa saber o aro da roda do carro para saber qual o pneu a ser comprado e quando percebe que ela não vai saber a informação pergunta a ela qual o carro que ela tem.
A senhora orgulhosa por achar que essa resposta ela sabia diz que é um carro Fiat e o atendente já um pouco impaciente pergunta se é um Fiat Uno. A pergunta cai como uma facada no coração da senhora que nervosa grita ao atendente:
- O carro não é meu, é do meu marido, peguei-o emprestado e roubaram os pneus, então só quero outros para poder ir para casa e devolver o carro para meu marido sem que ele reclame e diga que eu só faço besteiras.
Vendo a cena você diria que mulher não entende nada de carro mal sabe dirigir e não poderia ser diferente ela metida em uma oficina. E eu logo te perguntaria, então o que faz um homem metido na sessão de absorventes?! Isso sim, pode ser uma tragédia grega.
O mercado estava vazio e tranquilo e eu passeava pelos corredores, me surpreendi quando entrei na sessão de higiene e vi um homem comprando um absorvente. Na verdade nem posso dizer que ele estava comprando um, acho que ele acabaria por comprar todos ou pelo menos um de cada. Ao seu lado tinha um carrinho daqueles enormes com pouquíssimas coisas já escolhidas e ele olhava para a prateleira dos absorventes íntimos.
Olhei a cena e achei que aquilo merecia muito mais da minha atenção do que os papéis higiênicos que buscava por ali, então resolvi ficar apreciando aquele momento aterrorizador que aquele jovem homem passava.
Ele pegava um pacote de absorvente íntimo e olhava por completo, lia de um lado depois do outro, apertava um pouquinho e depois colocava de novo na prateleira e partia em busca de outro pacote. A situação era pior do que comprar pneu sem entender nada de carro. Porque pelo menos mulher dirige o carro que é conduzido pelos pneus, mas homem jamais vai usar absorvente, então aquele lance de abas ou sem abas, noturno ou diurno, com cheiro ou sem, não fazia o menor sentido para ele.
Comecei a andar vagarosamente em direção a ele e meu coração ansiava por ajudá-lo porque, já imaginava a mulher dele fazendo uma guerra de pacotes de absorventes caso ele resolvesse levar o carrinho do mercado lotado de absorventes com um tipo de cada modelo e marca. Mas, pensei que era melhor não, porque ele poderia se constranger e esquecer o mínimo de informação que ainda lembrava sobre qual escolher, é, porque imagino que a mulher que usaria deu a ele alguma orientação, porque se não fez isso seria a maior das maldades contra um marido que se arriscava a comprar algo do mundo feminino.
Acho que aquele homem nunca tinha visto um absorvente antes, pelo menos não ao vivo e a cores, ou melhor na cor rubra que era a cara dele agora tentando adivinhar qual daqueles pacotinhos guardava o segredo de sua paz ao chegar em casa e talvez uma bela noite de amor por ele ter acertado na encomenda.
As produtoras deviam tomar providências quanto aos absorventes íntimos, tipo escrever em letras garrafais nos pacotinhos: MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE: NÃO MANDE HOMEM COMPRAR ABSORVENTES, ISSO PODE ACABAR COM SEU CASAMENTO OU LEVAR SEU MARIDO A INFARTAR POR EXCESSO DE TENSÃO.
O gesto daquele homem poderia significar chegar em casa e de repente ter que fazer uso dos 78 tipos de pacotinhos comprados, ganhando assim uma bela assadura por usar absorvente por 60 dias ininterruptos. Punição por comprar o produto errado. O melhor de tudo seria ele explicar para os colegas de trabalho porque estava andando de pernas abertas ou sentando esquisito, será que ele teria coragem de contar a verdade?!!!
Uma boa vingança seria colocá-lo para colar todos os absorventes em seu corpo e escrever com batom em cada um deles: - quando minha esposa falar algo para eu comprar vou prestar atenção em todas as dicas que ela der para não comprar errado. Uma foto dessa situação iria bombar nas redes sociais e poderia ser um dos vídeos mais assistidos com ele tentando escrever nos absorventes colados no corpo todo e só os olhinhos de medo da mulher aparecendo. Se fosse meu marido eu gravaria a cena para relembrá-lo sempre do fato, porque homem tem memória curta.
A cena se demorava por demais e eu não podia ficar ali parada olhando, então continuei a caminhar pelo supermercado com o coração partido porque não ajudei aquele moço esforçado a salvar seu casamento e diminuir a cara de terror que o assombrava.
 Tentei olhar bem para o rosto dele na expectativa de encontrá-lo pelo mercado brevemente e daí saberia o resultado, se tivesse de cara boa e andando normalmente seria sinal que ele acertou na escolha mas, se de repente o visse andando meio esculhambado e com as pernas abertas era sinal que teve que usa r os pacotinhos de absorventes comprados errados.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

BELEZA MENOS FAVORECIDA

Ser feio não é fácil e o pior de tudo é que tentar ficar bonita é um trabalho árduo e caro. Eu não sou uma pessoa horrorosa, apenas sou menos favorecida em questão de beleza. Parece chique falando assim! Como nasci nessa condição, às vezes, é preciso tentar melhorar o aspecto e de repente ser classificada como bonitinha.
Nessa tentativa, de vez em quando passo alguns apuros. Outro dia, enquanto escovava o cabelo, após fazer um alisamento capilar, a cabeleireira deu um grito – logo pensei que o cabelo estava caindo, me veio um desespero, porque se fico careca saio da condição de menos favorecida em beleza para pessoa assustadora e isso pode tirar de mim a vontade que tenho de me olhar no espelho pelo menos 1 vez por semestre, sem que ele se quebre. Mas, na verdade, era apenas um cabelo branco, claro que foi um alívio. Idosa pode até ser porque mando pintar o cabelo, mas sem cabelo é a “treva”.
Só de pensar em perder os cabelos, mesmo eles não sendo meu charme, perco o sono. Imagina, eu jogando tênis e na hora que vou sacar a peruca voa e ao invés de bater na bolinha dou uma raquetada nas madeixas postiças, ou mesmo na hora de dar uma cabeçada na bola, durante o joguinho entre amigos do futebol, a peruca vai junto com a bola para o gol, isso seria mais engraçado do que qualquer piada já contada, mas só para os outros.
Dizem que os feios com um pouco de dinheiro conseguem sair do status de feiura para o patamar de beleza, então mensalmente guardo um pouco do salário para os tais produtos de beleza. Produtos esses que vão se somando, sendo cada um para uma parte do corpo e para determinada ocasião e esse excesso de cuidados pode causar enormes confusões.
Outro dia eu ia a uma concessionária e para não ser confundida com o flanelinha que cuida dos carros e ser enxotada da loja, procurei não ir aos molambos. Na hora do banho acabei confundindo os produtos, passei o sabonete íntimo no rosto e o gel facial nas partes íntimas, o susto foi quando a ardência do gel facial se deu nas partes baixas. A sorte é que nenhum dos produtos tinha efeitos colaterais.
Não bastante, dias depois, o acontecido foi pior. Quando vamos viajar procuramos dar um “tapa na feiura” e comigo não é diferente. Um dia antes de viajar fui depilar o buço, mas acabei puxando o papel da depilação com cera errado e quase arranquei a pele fora. Acabei trocando os pelos por uma queimadura e durante a viagem foi criando uma pereba e deixando claro a todos que eu tenho bigode. Quase não consigo descansar na viagem porque a feiura me pesava no rosto.
Fazer a unha é outra coisa que ao invés de me deixar mais bela me deixa uma fera. Não tenho costume de arrumá-las em manicure, eu mesma dou um jeitinho, mas quando tem uma comemoração especial prefiro ir a uma profissional. O problema é que na maioria das vezes, meus dedos próximos as cutículas descascam, daí fico envergonhada e agindo como jeca escondendo os dedos o tempo todo.
Parece que todo investimento que faço em beleza consigo um grau novo de feiura, é como remar contra a maré, você tenta mudar, mas vem a natureza das coisas e diz que você é isso e nada mudará o que é natural.
Comecei a pensar que talvez a solução esteja em ser consultada com um psicólogo, deve ser um investimento mais barato, menos arriscado ao meu estado menos favorecido de beleza e ainda posso falar com ela para que me ajude a aceitar que os feios também se amam e são felizes.


Luciane Dias
fev/ 2014