Não
sou a pessoa mais indicada para falar sobre moda, mas tem umas tendências que
são tão interessantes na lógica do vestuário e do conforto que fazem com que
até um bebê consigam comentar.
Eu sou super brega, não porque minhas roupas sejam fora do contexto geral, é que elas são sempre as mesmas. Seja festa infantil, passeio ao shopping, balada, saidinha para comer, ir à igreja ou ir ao banco, sempre calça, blusa e sapato. Até gostaria de revezar com o pijama e ir em alguns destes lugares com o confortável pijama, mas o povo ainda está restringindo o uso do coitado, acho que preconceito, porque tem roupa usada por aí que é bem menos indicada que a roupinha de dormir.
Minhas roupas não causam surpresa nem fofocas, é tudo bem previsível, só troca a cor. Até prefiro assim para não chamar atenção por errar muito com novas tendências que não cabem para qualquer pessoa.
Outro dia resolvi inovar e apareci na festa de 40 anos da minha amiga com um vestidinho que classifiquei como lindo de arrasar no manequim e como capa de botijão para mim. Como já tinha comprado resolvi usá-lo expondo minha figura na medina com uma nova roupagem. Sonhando em pelo menos uma vez na vida não ser brega.
Eu arrasei, chamei tanta atenção que ofusquei a aniversariante. 86,95% dos convidados da festa eram meus conhecidos e quando eu chegava na mesa o povo nem me cumprimentava, fazia era gritar “olha ela”. Foi muito brega.
Quase tive que voltar em casa para vestir a velha calça jeans. Passei o resto da festa sentada para a fofoca não generalizar entre os que não me conheciam e ficarem me apontando pelos cantos. Olha que meu vestido nem era daqueles vestido-mosqueteiro.
Vestido mosqueteiro é aquele que não foi inventado por uma estilista de moda, mas sim por uma mãe que sabe fazer pequenas costuras. Depois de brigas homéricas entre pai e mãe pelo vestido curto da filha, a mãe resolve costurar um pedaço de tecido fino e meio transparente na barra do vestido com intuito de tampar um pouco as penas de fora.
Nasce aí uma tendência. Para os abonados de dinheiro, emendas sutis das mais caras rendas, para os menos favorecidos emendas do mais nobre tule. Para os estilistas, oportunidade de ganhar dinheiro com a ideia de uma mãe acostumada a resolver problemas familiares; para as marias vai com as outras, oportunidade de andar como as celebridades e para os críticos de moda um vestido mosqueteiro.
Até a velha e boa calça jeans sofrem essas tendências criativas da moda. Tiveram grande influência da música. Os sertanejos adotaram as super apertadas. Só sabiam cantar e não sabiam dançar, então sendo a calça apertada mal podiam mexer as penas, ficaria valorizado apenas a voz.
Os peões montadores de cavalo tentaram as calças apertadas e vendo que não conseguiam nem sentar nos cavalos começaram a fazer uns pequenos rasgos em lugares estratégicos para dar mobilidade e isso nos ajudou a entender porque os sertanejos, mesmo cantando e tocando o violão, só se apresentavam em pé.
Veio o povo do rap que não gosta de nada apertando que falam da coisa da liberdade e compraram calças 6 números maiores, colocaram uns cintos para segurarem as calças e lançaram as calças folgadonas e sobrando 20cm de barra enrolada no pé. Particularmente acho que a moda da cala folgada foi inspirada do circo e nas calças dos palhaços, mas aboliram os suspensórios para não serem chamados de palhaços.
O funk não podia ficar de fora de estilizar seu velho jeans. Rasgou nos joelhos parecendo que o indivíduo rezou tanto de joelho que desgastou a calça só nesse lugar. As mulheres cortaram as pernas das calças e fizeram shorts curtos desfiados. Desconfio que qualquer dia vão lançar o short tule mosqueteiro.
Se eu fosse criativa de repente criaria um modelito jeans que se tornasse a uma estilista renomada, mas como não entendo de moda e ser brega ainda não é a tendência natural, fico no anonimato e cada um no seu estilo de ser.
Adorei!
ResponderExcluir😁
ResponderExcluirNa verdade ninguém inventa nada. Só aprimora a seu gosto. Excente texto. Parabéns!
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